quarta-feira, 18 de abril de 2012


A ideia de que as atitudes permitem prever o comportamento das pessoas é válida como princípio, como explicação geral, que pressupõe um carácter estável e consistente na sua organização mental.
Porém, nem sempre assim acontece, havendo pessoas que defendem o pagamento de impostos por questões de solidariedade e justiça social, mas cometem fraudes na declaração de impostos; há também pessoas que amam os filhos, sacrificam-se por eles, desejam o seu bem-estar, mas aplicam-lhes violentos castigos corporais; há pessoas que se pronunciam contra o racismo, que têm amigos de outra cor de pele, mas opõem-se ao alojamento de ciganos no seu prédio; há pessoas que consideram que os ciganos roubam os produtos que vendem e têm-nos como desonestos e vigaristas, mas compram os objectos que eles vendem a “bom” preço.
Psicólogos sociais como Festinger falam a este respeito de dissonância cognitiva, referindo a existência simultânea de cognições que não se ajustam entre si. Por exemplo, se uma pessoa acreditar que fumar provoca o cancro e, apesar disso, continua a fumar, vive numa situação de dissonância cognitiva, facto que o deixa incomodado em virtude da contradição ou inconsistência psicológica em que se sente envolvido. É que nem sempre as atitudes resultam da conjugação harmoniosa dos factores intelectuais e afectivos. Há casos, como este, em que a componente afectiva é dominante. Assim, o fumador, sabendo dos malefícios do tabaco, devia pôr de lado os cigarros, o que eliminaria o seu mal-estar psicológico. Porém, não o faz, porque o cigarro lhe sabe bem. A consciência dos perigos que corre entra em conflito com o prazer de fumar e a vitória acaba por ser levada pela afectividade.
Para aliviar a tensão psicológica, é provável que a pessoa procure diminuir a importância dos elementos dissonantes, recorrendo a argumentos do tipo:

- Há fumadores de idade avançada que vendem saúde.

- Há pessoas que nunca fumaram e têm cancro.

- Ter cancro depende mais da predisposição genética do que do tabaco e na minha família não há casos de cancro.

- Mais vale morrer feliz aos 70 anos do que infeliz aos 80.

Segundo a teoria da dissonância cognitiva, para reduzir a tensão psicológica, as pessoas tendem a racionalizar e a distorcer a realidade, adoptando atitudes que se ajustem melhor ao seu comportamento.

Conclusão:

A dissonância cognitiva é o estado psicológico relativamente desagradável que pode viver-se quando tomamos consciência da discrepância entre as nossas atitudes e o nosso comportamento.

O que é a psicologia