Os nossos cérebros são fisicamente diferentes uns dos outros, pois este modifica-se ao longo de toda a vida, consoante as experiências vividas pelo sujeito. Por este motivo, não existem dois cérebros iguais, pois não há no mundo, nenhuma pessoa que seja totalmente igual a outra, e pelo menos até agora, ainda não há ninguém clonado entre nós; e mesmo que existisse, duvido que seria igual ao original. Pois este viveria num outro tempo e lugar, passaria por outras experiências, conheceria outras pessoas, ouviria outras músicas, enfim, teria outra interacção com as pessoas e seus costumes. Nem mesmo nós somos hoje o que fomos ontem. Pois as coisas mudam com uma rapidez impressionante, e por vezes temos mesmos que nos esforçar bastante para conseguir acompanhar este mundo em constante mudança.
Quando nascemos o nosso cérebro não está totalmente desenvolvido, mas é esta prematuridade, este inacabamento, que nos permite uma melhor e mais eficaz adaptação a novas situações ao longo da nossa vida, pois como temos um programa genético aberto, no qual apenas estamos parcialmente programados, ou seja, existe apenas uma programação de índole biológica e não um sistema de instintos que determine o nosso comportamento face a uma determinada situação, temos a possibilidade de nos adaptarmos a um ambiente em mudança, inventando assim novas soluções para os problemas com que nos deparamos, compensando desta forma as nossas limitações anatómicas.
Simultaneamente, desenvolve-se assim um processo de individuação, ou seja, as experiências vividas por cada indivíduo, marcam a estrutura do nosso cérebro favorecendo assim a singularidade. Desta forma, o principal motor de individuação é a plasticidade do cérebro, ou seja, a sua capacidade de se modificar, de se moldar ao longo da vida por efeito das experiências vividas, sempre no sentido de uma melhor adaptação ao meio. Sendo a plasticidade cerebral por sua vez a condição necessária à aprendizagem. E como ser o ser humano é um ser prematuro, pois o processo de desenvolvimento do cérebro continua após o nascimento e desenvolve-se de uma forma lenta, a lentificação constitui uma vantagem, pois possibilita uma maior estimulação do meio, e portanto uma maior aprendizagem, mas apesar de este processo de desenvolvimento ser muito lento, como referi anteriormente, não é pejorativo, pois como somos ser sociais necessitamos da ajuda dos outros, que são fundamentais para a construção do “eu”.
Voltando ao assunto fulcral, o cérebro humano, este está dividido em dois hemisférios, sendo que cada um deles se especializou em funções diversas, contudo funcionam de modo integrado como um todo. Os hemisférios cerebrais controlam a parte oposta do corpo, porque os feixes nervosos se cruzam no caminho.
O cérebro funciona de uma forma sistémica, pois as suas capacidades, não dependem só de si mesmas, mas também do funcionamento integrado das outras áreas cerebrais. Por isso, constatou-se que quando uma função é perdida devido a uma lesão, esta pode ser recuperada por uma área vizinha, designando-se este processo, por função vicariante ou de suplência.
Desta forma, podemos afirmar que o nosso cérebro é um sistema unitário que trabalha como um todo de forma interactiva.
Em suma, cada cérebro é um passo em frente na Humanidade, pois as suas diferenças de sujeito para sujeito ultrapassam as definições genéticas e as experiências vividas por cada um de nós, desde as intra-uterinas, como ao longo de toda a vida são muito diferentes, ou pelo menos atribuímos significados diferentes às coisas, consoante a nossa história pessoal.
A individuação torna as produções culturais mais complexas, pois como todos temos uma maneira de pensar diferente, e arranjamos diferentes soluções para os obstáculos que se apresentam ao longo do nosso efémero percurso de vida, o nosso cérebro desenvolve-se de maneira bem diferente.
Mas, como costumamos dizer na gíria, várias cabeças pensam melhor que uma só, por isso como existem várias pessoas espalhadas pelo mundo a pensarem em formas de tornar este mundo melhor, como por exemplo formas de erradicar determinadas doenças e assim melhorar a nossa qualidade de vida, devíamos aproveitar melhor as capacidades que temos, ou mesmo as capacidades que temos possibilidade de desenvolver; porque apesar deste mundo, muito provavelmente, nunca vir a ser uma utopia, devemos torná-lo melhor a cada dia, e isso está nas mãos dos seres humanos que são a espécie dominante do planeta, e por isso têm o dever de assumir esta posição