A cultura é um conceito com um conteúdo vasto e diversificado. É um modo de adaptação que ultrapassa a biologia. Permite que o indivíduo se adapte a novas situações de modo mais eficaz e versátil do que a adaptação orgânica.
Designa um conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos.
A cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros. É o resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram resolvendo os seus problemas ao longo da história. Também é criação uma vez que o Homem só não recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos novos que a renovam.
Serve de factor de humanização pois o Homem só se torna Homem porque vive no seio de um grupo cultural.
É um sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres humanos.
Elementos da Cultura
Os elementos da cultura podem ser distinguidos em materiais e ideológicos ou espirituais. Os elementos materiais são os objectos naturais (árvores, rios, terra), os objectos técnicos (roda, avião, aspirador) e os bens imóveis (vestuário e habitação). Os elementos espirituais são os princípios morais e éticos (valores de bem e mal, belo e feio); as ideias e crenças; as instituições sociais (direito, educação); as ciências, teorias e conceitos (teorias cientificas, concepções filosóficas); tradições e costumes; sistemas de símbolos (hino nacional e bandeira) e preconceitos, preferências, fobias, gostos e sentimentos.
Padrões de Cultura
Os padrões de cultura correspondem a modelos de comportamento, pensamento, valores e formas de agir de uma dada cultura que são partilhados pelos membros de uma determinada sociedade. Constituem o código (baseado em normas, valores) que permite identificar indivíduos e grupos.
Estes padrões permitem prever, até certo ponto, o comportamento das pessoas que pertencem a uma comunidade.
Definem a maneira como o ser humano deve agir de modo a que a sua conduta seja apropriada, enquadrando as experiências individuais e colectivas.
Aculturação
A aculturação é o conjunto de mudanças culturais que se produzem nos modelos originais de uma determinada sociedade. Esta surge devido ao contacto contínuo com outros modelos de cultura.
A aculturação designa os processos complexos de contacto cultural através dos quais as sociedades assimilam hábitos e valores culturais de outras sociedades ou grupos culturais.
Como exemplos de aculturação temos a emigração.
Diversidade Cultural
A diversidade cultural pode ser assumir a forma de etnocentrismo, relativismo cultural e multiculturalismo ou interculturalismo. Designa a existência de diversas culturas, resultantes de uma característica tipicamente humana.
O Homem é um ser biologicamente inacabado, dotado de um programa genético aberto que concede muito espaço às aprendizagens. Assim, em meios distintos e mediante distintas formas de aprendizagem e de adaptação ao meio, os diferentes povos criaram diferentes formas de vida.
Etnocentrismo
O etnocentrismo consiste em impor determinados hábitos e valores como se eles fossem os únicos válidos e verdadeiros. Pressupõe que o indivíduo, ou grupo de referência, se considera superior àqueles que julga e também que o indivíduo ou grupo etnocêntrico tenha um conhecimento muito limitado dos outros, mesmo que viva na sua proximidade.
O indivíduo ou grupo social considera-se o sistema de referência, julgando os outros indivíduos ou grupos à luz dos seus próprios valores.
O etnocentrismo pode assumir a forma de xenofobia, racismo e chauvinismo (patriotismo exacerbado).
Relativismo Cultural
O relativismo cultural significa que o comportamento humano não pode ser compreendido e avaliado fora do seu contexto cultural, isto é, deve ser julgado consoante o meio cultural que o condiciona e em que se formou. Implica, portanto, julgar uma cultura segundo os seus próprios padrões.
Implica que, para sermos intelectualmente honestos, cada cultura tem o seu espaço e o seu sentido próprios na diversidade de culturas, não sendo sustentáveis o etnocentrismo nem a divisão das formas culturais em superiores e inferiores.
Cada sociedade tem os seus próprios padrões de cultura (normas, valores) e esses modelos permitem-nos compreender os comportamentos e as atitudes dos elementos que a compõem. Não há, portanto, aspectos culturais em si bons ou maus. O relativismo cultural defende a ideia de que cada cultura deve promover os seus próprios valores, ficando assim fechada em si própria, não promovendo o diálogo entre as culturas.
Esta perspectiva poderá levar também ao racismo, ao isolamento e à estagnação cultural (manter a tradição).
Interculturalismo
O interculturalismo ou multiculturalismo tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas, superando as falhas do relativismo cultural, pois defende a igualdade entre culturas.
Tem como principais objectivos compreender a natureza pluralista da nossa sociedade e do mundo assim como a riqueza e a complexidade da relação entre as diferentes culturas; colaborar na busca de respostas aos problemas mundiais e promover o diálogo entre as culturas.
Defende que há valores que devem ser partilhados, como a salvaguarda dos direitos humanos; o apreço pela liberdade, igualdade e solidariedade; o respeito pelas diferenças culturais; a promoção de uma atitude dialogante e a implementação de uma tolerância activa.