A perda da capacidade de recordar ou de reproduzir o que foi aprendido designa-se por esquecimento. Acontecendo com todas as pessoas, o esquecimento é um fenómeno natural. Trata-se de um processo normal e positivo cuja função é seleccionar materiais inúteis que, ao serem perdidos, criam condições para novas aprendizagens e para uma superior adaptação ao meio.
Esquecimento regressivo
O esquecimento regressivo ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e em recordar conhecimentos, factos e nomes aprendidos recentemente. Este tipo de esquecimento é especialmente sentido por pessoas de certa idade e pode dever-se à degenerescência dos tecidos cerebrais.
Esquecimento motivado
Como o próprio termo deixa transparecer, o esquecimento motivado significa que esquecemos porque temos razões (estamos motivados) para esquecer, habitualmente porque uma recordação é desagradável e perturbadora.
Neste sentido, Freud apresentou uma concepção de esquecimento que decorre da sua teoria sobre o psiquismo humano, segundo a qual nós esquecemos o que, inconscientemente, nos convém esquecer. Este esquecimento resulta de um recalcamento, ou seja, é um modo inconsciente de as pessoas se libertarem de recordações perturbadoras. É o que acontece com o esquecimento de situações de medo, dor ou angústia vividas pelo indivíduo.
Interferência das aprendizagens
A interferência é um fenómeno que ocorre quando ao tentarmos recordar algo, uma informação gravada antes (interferência proactiva) ou depois (interferência retroactiva) da que tentamos recuperar impede o acesso a esta. Segundo esta explicação, o esquecimento não significa que a recordação de algo desapareceu, mas sim que outro conteúdo mnésico semelhante ao que tentamos recuperar provocou uma confusão entre elementos informativos, tornando-se assim um obstáculo à reactualização da informação pretendida.
Dois exemplos:
- Um turista francês na sua primeira viagem a Nova Iorque prepara-se para tomar um duche. Roda a torneira com a letra C e, como é óbvio, sai água fria. Ora, o recepcionista tinha-lhe dito que C era a sigla de “Cold” (frio). Contudo, este conhecimento recente foi perturbado por uma aprendizagem anterior que “tomou a dianteira” e, interpondo-se, provocou uma confusão (C em francês e nos hotéis franceses, mais precisamente nas suas casa de banho, é a sigla para designar “chaud”, quente).
- Fixado um novo número de telefone ou de cartão de crédito, temos dificuldade em relembrar o anterior.