Inicialmente, o conflito estava associado apenas a comportamentos e
sentimentos negativos, prejudiciais para as pessoas, grupos ou organizações
envolvidas. Por este motivo, apresentava um carácter destrutivo, sendo evitado
através da influência da autoridade, considerada como meio para superar o
conflito.
Nas últimas
décadas, a Psicologia, especialmente a Psicologia do Desenvolvimento, tem visto
os conflitos interpessoais num panorama positivo. A vivência dos conflitos e as
crises que causam e correspondem, geralmente, a procesos de desenvolvimento
psicológico.
A psicologia actual encara o conflito como uma tensão que envolve pessoas
ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis. Para que haja
conflito, é necessária uma relação de proximidade entre as partes e uma
interacção que justifique o estado de confronto. São várias as origens do
conflito. Entre elas destacam-se:
· Divergência
de interesses;
· Competição
pelo poder;
· Incompatibilidade
de objectivos;
· Partilha de
recursos escassos;
· Preconceitos
e discriminação;
· Desacordo de
pontos de vista;
· Percepção do
comportamento dos outros como injusto.
A situação de conflito pode assumir o carácter de conflito intrapessoal
(conflito interno), conflito interpessoal (conflito entre pessoas) e conflito
intergrupal (conflito entre grupos).
A vivência do conflito, corresponde a períodos de angústia e confusão,
tensão e insatisfação das pessoas e grupos. No entanto, contrariamente à
perspectiva dominante que defendia o carácter negativo do conflito, hoje
consideram-se alguns aspectos positivos que advêm deste, tais como:
· Geração de
mudança e inovação (que possibilita a evolução, desenvolvimento e dinâmica
social);
· Redistribuição
das forças e das tensões (que se modificam pelo efeito do conflito), bem como
dos meios que permitem a sua solução;
· Impedem a
estagnação, estimulando o surgimento de novas ideias e estratégias;
· Permite ao
indivíduo uma forma mais adequada, ajustada e dinâmica de integrar a sociedade.
O conflito pode ocorrer entre dois grupos: o endogrupo (grupo a que se
pertence) e o exogrupo (grupo a que não se pertence). O facto de o confronto
reforçar a concepção de “nós” (necessidade das pessoas verem o seu grupo como
“melhor” que qualquer outro), aumenta a coesão do endogrupo e a consequente
rejeição do exogrupo. Estas acções podem dar origem a preconceitos e à
discriminação.
Não basta o simples contacto entre grupos hostis para se ultrapassar o
conflito. O contacto terá que envolver a cooperação, a entreajuda e a
interdependência. A cooperação é a acção conjunta que implica a colaboração dos
envolvidos para se atingir um objectivo comum.
Existem outras estratégias de se ultrapassar o conflito, tais como:
· Dominação – um grupo impõe unilateralmente a
solução a outro grupo;
· Submissão – um grupo cede às exigências do outro
grupo;
· Inacção – os dois grupos, ou um deles, escolhem
não agir, esperando que o passar do tempo resolva por si só o conflito;
Actualmente,
dominam as soluções baseadas na cooperação, mediação e na negociação. A forma
como se lida com os conflitos pode decidir, em muitas situações sociais, a
segregação ou a integração.