A psicologia do desporto é um ramo da psicologia que se ocupa do comportamento do indivíduo nas situações de prática do desporto e dos fenómenos psicológicos ligados ao seu desempenho.
Deste conceito se depreende que a psicologia do desporto incide em respostas observáveis (o desporto traduz-se, essencialmente, por um conjunto de reacções motoras) e outras mais discretas, ocorridas no interior das pessoas (o desportista é um indivíduo com interesses, afectos e valores próprios). Neste sentido, o objectivo prioritário consiste na promoção do bem-estar do atleta, isto é, do funcionamento equilibrado do corpo e da mente, sem o que lhe é impossível corresponder às expectativas do público.
O conceito de situação de prática desportiva não se restringe aos momentos de competição, abrangendo os conceitos de aprendizagem, de treino, de estágio, de deslocações e de tudo o que ocorre depois do desempenho, como as vivências ligadas aos louros da vitória ou às amarguras da derrota. Há fama e há glória, mas também há que suportar as consequências negativas de lesões. Há infortúnios, desconsiderações, incompreensões e abandonos. Há uma complexidade de relações interpessoais, nem sempre agradáveis, com colegas de equipa, adversários, treinadores e dirigentes desportivos. Há o público e os órgãos de comunicação social, sempre prontos a admirar, a elogiar, a premiar, mas também a criticar e a denegrir, quantas vezes por meios impiedosos e incorrectos.
Daqui resultam razões mais que justificativas da implementação da psicologia do desporto. Se outras não houvesse, bastaria o facto de se tratar de uma actividade específica, sempre desempenhada em situação de palco ou de arena, de uma actividade que se nutre, exerce e atinge os objectivos em contexto de competição. Efectiva-se sempre contra alguém, o que torna inevitável a incerteza da vitória ou da derrota, e esta tensão é, no mínimo, desgastante.
O comité olímpico americano considera que a intervenção da psicologia do desporto deve fazer-se atendendo a três vectores fundamentais: clínico, educacional e de investigação.
Vector clínico (tem como objectivo ajudar os atletas com dificuldades de adaptação às situações específicas do desporto): 1 – elaboração de diagnósticos; 2 – orientação de uma psicologia adequada; 3 – investigação e desenvolvimento de terapias de neuroses, psicoses e outros distúrbios; 4 – aconselhamento de desportistas com problemas relacionados com drogas ou obesidade.
Vector educacional (tem como objectivo potenciar as capacidades dos atletas): 1 – fornecer informação respeitante ao desenvolvimento do atleta, aos aspectos relacionados com a sua motivação, dificuldades de aprendizagem, ou optimização do desempenho; 2 – participar em equipas técnicas de apoio ao atleta, em conjunto com o médico, treinador, fisioterapeuta, etc.; 3 – ensinar formas de controlar o stress, a atenção, etc.
Vector de investigação: tem como objectivo conhecer e caracterizar as diferentes actividades desportivas, as capacidades psicológicas que exigem e os factores que podem contribuir para a prestação de provas rentáveis.