quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Psicologia de Orientação Vocacional e Profissional

A orientação vocacional e profissional deve ser um processo a acompanhar o trajecto escolar, intelectual e emocional dos jovens e não um recurso de última hora, quando estão prestes a enveredar por uma profissão ou um curso superior. Porém, é nestas ocasiões que mais se sentem inquietos quanto à carreira a seguir e que os pais se interrogam quanto ao futuro profissional dos filhos.
O psicólogo de orientação vocacional e profissional deve promover o desenvolvimento dos jovens, contribuindo para que encabecem um projecto de vida que corresponda a uma escolha pessoal bem fundamentada.

Hoje em dia, uma das tarefas mais importantes da orientação vocacional e profissional é consciencializar os jovens das alterações que ocorrem no mundo e na vida, e da necessidade que as pessoas têm de ser flexíveis em termos de reorganização do futuro. No mundo actual, nada é definitivo; não há empregos fixos, carecendo de garantia de continuidade. Aprender, reaprender, estabelecer novas metas, estar disposto a mudar, estar disponível para recomeçar são competências cruciais para a adaptação a uma sociedade em que aquilo que existe de mais estável é a sua eterna mudança

PSICOLOGIA DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES

Esta área da psicologia tem como principal objectivo melhorar a eficiência, a satisfação e o bem-estar das pessoas no exercício da sua profissão. Com esse objectivo, e em cooperação com especialistas de diversas áreas, o psicólogo participa em programas que procuram melhorar a qualidade de vida das pessoas.

 Os psicólogos organizacionais exercem actividades muito diversas que incluem as seguintes:

 1 – selecção de pessoal.

2 – estudo de relações interpessoais.

3 – detecção de conflitos e tensões entre grupos.

4 – alívio do stress.

5 – adaptação dos trabalhadores ao ambiente físico (temperatura, humidade, ruído, luminosidade) e às máquinas que utilizam.

O âmbito de intervenção da psicologia organizacional tem vindo a tornar-se cada vez mais alargado, em correlação com o actual agravamento de problemas relativos à poluição ambiental, à superpopulação, ao aumento de tráfego ou à proliferação de maquinarias e de equipamentos modernos de todo o tipo.

 O que alarga também o âmbito da psicologia do trabalho é o desenvolvimento da indústria de bens de consumo como automóveis, brinquedos, telemóveis, aviões, fogões, móveis, detergentes, frigoríficos e computadores, cuja produção tem de obedecer a normas de qualidade e de segurança, de modo a não afectar quem os produz ou quem os utiliza.

A Psicologia Criminal/Forense

A psicologia criminal ou forense é um ramo da psicologia ao serviço do direito e da justiça, apostada na salvaguarda dos direitos dos cidadãos e no bem comum da sociedade.
Basicamente, há dois aspectos em que o trabalho da psicologia criminal pode ser útil:
1 – Junto das testemunhas, isto é, daqueles que em tribunal vão depor a sua versão da ocorrência. Neste caso, a psicologia pode contribuir para o apuramento da verdade dos factos. A psicologia criminal preocupa-se com a sinceridade das testemunhas, a fim de avaliar a credibilidade dos relatos. Além disso, é perfeitamente possível que em depoimentos de pessoas conscienciosas surjam equívocos e ambiguidades a comprometer o apuramento escrupuloso da verdade.
2 – Junto dos réus, pode contribuir para a avaliação do seu grau de culpabilidade e para a determinação da natureza da pena que deve ser proporcional à responsabilidade do criminoso. A psicologia criminal procura, a este propósito, indagar o passado do réu, tentando reconstituir o seu percurso de vida para detectar os antecedentes que possam ter contribuído para a infracção. É que o mesmo acto praticado por duas pessoas pode implicar responsabilidades diferentes. À psicologia compete descobrir o grau de responsabilidade, atendendo a atenuantes e a agravantes, como, por exemplo, a premeditação, a intenção, condições psicológicas especiais, efeitos de drogas, reincidência, etc. Trata-se de encontrar uma pena justa, de harmonia com a particularidade de cada caso.
Outras questões são ainda preocupantes para a psicologia forense. Até que ponto a pena aplicada contribui para a reeducação do criminoso? Não acentuará, antes, as suas tendências anti-sociais? Não seria possível uma punição que recuperasse o delinquente e permitisse a sua reinserção social? O recurso a pulseiras electrónicas não se prestaria a esta função?

PSICOLOGIA CLÍNICA

A maior parte dos psicólogos trabalha em psicologia clínica, ou seja, na aplicação dos princípios psicológicos ao diagnóstico e tratamento de problemas emocionais e comportamentais. Entre esses problemas contam-se as dificuldades de relacionamento social, delinquência juvenil, dependência de drogas, conflitos conjugais ou familiares, crises de ansiedade, doenças mentais, criminalidade, depressão, perda de contacto com a realidade e outros.
A psicologia clínica cobre, assim, toda uma imensa área em que as pessoas não estão bem consigo próprias, se sentem perturbadas, com dificuldades de relacionamento com os outros e até com a incapacidade de se adaptar ao trabalho.
Este psicólogo não dispõe de um manual de receitas que possa aplicar aos clientes de modo indiscriminado. Para que a sua acção nutra os efeitos desejáveis, tem de ter presente que cada caso é um caso que reclama atenção individualizada. Nesse sentido, procura estabelecer uma relação empática com o cliente e refazer com ele a sua história pessoal de vida, com particular incidência na infância. Este período é propício à vivência de frustrações e outros acontecimentos traumáticos, base de perturbações posteriores.
Tendo por objectivo prevenir, diagnosticar e tratar casos concretos de pessoas com perturbações psicológicas relativas à sua inserção nos contextos sociais, cabe ao psicólogo clínico fazer o diagnóstico, a partir dos sintomas que o cliente lhe revela em entrevistas presenciais, em questionários e em testes. A partir daí, o psicólogo pode intervir incidindo a sua acção sobre o indivíduo ou, se necessário, actuando junto da família e de grupos com que o paciente normalmente convive.

Psicologia Aplicada em Portugal

Nesta área trabalham psicólogos que, tirando partido das conclusões obtidas na investigação, procuram aplicá-las nos contextos mais diversos da vida, desde a escola às prisões e aos tribunais, passando pelo desporto e pelo mundo do trabalho.

Deste modo, podemos encontrar psicólogos a exercer a sua actividade em consultórios privados, centros de saúde, clínicas, hospitais, empresas, clubes desportivos, estabelecimentos de ensino, quartéis, autarquias, centros de atendimento a toxicodependentes, centros sociais, centros de formação, onde procuram, com diversas estratégias, solucionar problemas psicoemocionais das pessoas. Procuram ainda elaborar planos e desenvolver acções no sentido preventivo e de promoção do desenvolvimento.

Em Portugal, a investigação psicológica encontra-se numa etapa ainda incipiente, dedicando-se a maior parte dos psicólogos a realizar tarefas de intervenção, essencialmente voltadas para a resolução de problemas práticos.

A intervenção faz-se a vários níveis, como o individual, o grupal, o familiar, o profissional ou o comunitário, e em áreas diversificadas, como, por exemplo, a psicologia educacional, a psicologia do trabalho e das organizações, a psicologia de orientação vocacional e profissional, a psicologia clínica, a psicologia criminal/forense e a psicologia desportiva.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CONCEPÇÕES DE HOMEM - SÍNTESE

Ao reflectirem sobre os problemas da Psicologia, os grandes teóricos desta disciplina, que constituem grandes marcos históricos, apresentaram diversas concepções de ser humano, dando-nos uma visão do que entendiam ser o Homem.


Wundt diz-nos que o ser humano é um conjunto de processos mentais conscientes, valorizando deste modo a parte racional do homem.

Freud acreditava que o inconsciente era uma instância determinadora dos comportamentos e processos mentais do ser humano. O homem deixa de ser dominado pela razão e surge dotado de impulsos, desejos e pulsões essencialmente de carácter afectivo-sexual e agressiva. Podemos assim dizer, que o ser humano tem como finalidade ou motivação essencial, o prazer. Logo, a personalidade de um indivíduo é determinada, em grande parte, pelo modo como se dá a relação entre o princípio de prazer e o princípio da realidade. Para Freud, somos o que fizemos de nós quando ainda não tínhamos uma identidade definida - mas somos mais o que os nossos desejos e as normas dos outros, essencialmente as os pais, fizeram de nós.


Watson vai criticar Wundt e Freud pelo facto de se apoiarem em métodos de carácter subjectivo, concebendo o homem de maneira diferente às teorias anteriormente expostas: o homem vai ser encarado como um ser passivo, resultado de diversos processos de aprendizagem. Logo, para Watson o homem é um produto social dado que somos o que o meio faz de nós, isto é, a forma como fomos educados e a forma como crescemos num determinado meio, respondendo às situações nele vividas.


Piaget concebeu o ser humano como indivíduo que nasce programado para aprender, mas que não é o simples resultado de processos de aprendizagem. Ao contrário de Watson, o ser humano é um ser activo, curioso, que explora o meio para o melhor conhecer e nele se orientar. Caracteriza-o a necessidade inata de conhecer. O ser humano não é o resultado exclusivo das capacidades geneticamente transmitidas nem somente da influência de factores sociais e educativos.


Bruner afirma que o ser humano é um ser que constrói significados na sua relação com o mundo e que é também produto das narrativas mediante as quais cada cultura se transmite aos seus membros. O homem é o resultado do processo de produção de significados, realizado com o auxílio dos sistemas simbólicos da cultura.

BRUNER: A MENTE CRIADORA DE SIGNIFICADOS

Jerome Bruner

*      Psicólogo norte-americano que se formou na Universidade de Duke, em 1937.

*      Em 1941, obteve o doutoramento em Psicologia na Universidade de Harvard.

*      Desenvolveu varias pesquisas sobre a percepção, e mostrou que os valores e as necessidades influenciam o modo como se percepciona o mundo. As suas concepções contribuiram para a constituição da corrente americana designada por psicologia cognitiva, tendo colaborado na Fundação do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade de Harvard em 1960.

*      Interessou-se pela psicologia educacional e valorizou a aprendizagem por descoberta em que o sujeito tem um papel activo no acto de aprender

*      De entre as suas obras destaca-se “Actos de Significado”;“O Processo Educativo” e a “Cultura da Educação”.

Bruner e a revolução cognitiva: a mente criadora de significados

*      Se para Watson a psicologia era a ciência do comportamento, para Bruner é a ciência da mente, e este pretende chamar a atenção para os aspectos sociais e cognitivos do funcionamento mental e do desenvolvimento intelectual.

*      Nos anos  60 e 70, a psicologia cognitiva substituiu o behaviorismo como corrente dominante.

*      Cognição significa conhecimento e a psicologia cognitiva consiste no estudo da nossa capacidade para adquirir, organizar, relembrar e usar conhecimentos e informações para guiar e orientar o nosso comportamento.

*      A revolução cognitiva não implica uma rejeição total do behaviorismo. Os cognitivistas estudam a mente através de inferências que têm como partida o comportamento ou actividade observável. A valorização dada aos processos por parte de Piaget ajudou a esta revolução.

*      As tecnologias de informação também deram auxilio à revolução, e actualmente quando pensamos na concepção do funcionamento mental em termos das tecnologias de informação, pensamos no computador.

Bruner e a revolução cognitiva: a mente criadora de significados(2)

*      Como funciona um computador? O computador recebe informação codificada (input), reorganiza-a e compara-a com outra informação armazenada na sua memória e usa os resultados para determinar quais os sinais a enviar para o sistema do computador responder (output). Este modo de funcionamento é análogo ao que o cérebro faz: o input é semelhante à recepção de informações pelos sistemas sensoriais. O output é semelhante à resposta comportamental e o que se passa entre estes dois processos é análogo ao pensamento.

*      Mas para Bruner o que acontece quando pensamos é diferente do que acontece quando um computador processa informação. Porquê? Porque processar informação implica a criação de significados. Esta criação de significados apesar de pessoal é partilhada com os outros que fazem parte do nosso contexto social, cultural e ideológico. Entre processamento da informação e a resposta aos estímulos e problemas do meio há um sujeito com um certo modo de pensar, agir, sentir e um mundo simbólico de pensamentos, ideias e teorias que constituem um dos nossos contextos de vida. A pertença a um dado grupo social e cultural marca a forma de uma pessoa pensar e se comportar. Para perceber os processos cognitivos devemos ter em conta o factor cultura. A cultura promove diferentes narrativas sobre a forma de agir das pessoas, as suas motivações, e crenças  sobre a forma como se resolvem problemas.


Bruner e a revolução cognitiva: a mente criadora de significados(3)

*      Desta forma, a título de exemplo, um computador funciona da mesma forma no Japão e nos Estados Unidos mas a mente de um japonês e a de um americano não interpretam a realidade necessariamente do mesmo modo pois têm culturas diferentes a influenciar o processamento de informação e as respostas comportamentais.


As etapas do desenvolvimento cognitivo


Quando criamos significados, estamos a interpretar a realidade de acordo com as informações a que temos acesso e com as narrativas a que demos crédito. Desta forma é normal que existam sempre pessoas com visões divergentes sobre o mesmo assunto ou objecto, visto terem diferentes aprendizagens e narrativas a influenciarem-nos. 

A mente cria significados e desta forma realiza uma construção cognitiva da realidade – ideia consistente com o construtivismo de Piaget. No entanto a mente não processa no vazio, as interpretações ou significados dos factos são influenciados pelos contextos do conhecimento, da história e da cultura.

Para Bruner resultamos do processo de produção de significados, realizado com o auxílio dos sistemas simbólicos da cultura. A mente constitui a cultura e é constituída pela cultura. A obra de Bruner, que foi pioneira para o desenvolvimento da Psicologia cultural, foca-se essencialmente no processo interactivo em que a mente constitui cultura e é constituída por esta. 

Ainda para Bruner não será possível o desenvolvimento cognitivo nem aprendizagem longe do contexto da interacção social pois não construímos sozinhos a nossa percepção do mundo. O desenvolvimento cognitivo depende muito das interacções com as pessoas, com os instrumentos do nosso mundo e com o desenvolvimento da linguagem.


As respostas motoras ou modo enactivo de aprendizagem

Apesar de não ter definido estádios como Piaget, dividiu o desenvolvimento cognitivo em três etapas embora. Desta forma Bruner acreditava que só acedemos a formas de representação mais complexas da realidade se outras formas mais simples já estiverem presentes.

As respostas motoras ou modo enactivo de aprendizagem (até aos 3 anos de idade)

Consiste sobretudo em acções ou repostas motoras. Nesta fase a acção é a forma favorecida de representação, descoberta e compreensão da realidade. É a fase em que se aprende através da manipulação de objectos. A título de exemplo: se quisermos ensinar às crianças algo sobre dinossauros, a forma mais apropriada segundo Bruner seria pedir - lhes para construírem modelos de dinossauros.

O pensamento icónico ou aprendizagem através da percepção e da memoria visual

O pensamento icónico ou aprendizagem através da percepção e da memória visual ( 3 aos 9 anos)

Baseia-se na organização visual, no uso de imagens e na organização de percepções e imagens. Predominam os elementos audiovisuais. A criança é capaz de reproduzir objectos, mas está muito dependente de uma memória visual, concreta e específica. Tome-se como exemplo: se quisermos ajudar as crianças a descobrir conhecimentos sobre dinossauros podemos colocá-las a ver um filme que envolva esses animais pré – históricos, um documentário sobre dinossauros ou visitar um museu de história natural.

 
O pensamento simbólico ou aprendizagem através da linguagem simbólica e abstracta

*      O pensamento simbólico ou aprendizagem através da linguagem simbólica e abstracta (a partir dos 10 anos de idade)

Caracteriza-se pela representação simbólica e é semelhante ao estádio das operações formais de Piaget.

O pensamento simbólico constitui a forma mais elaborada de representação da realidade porque a criança começa a ser capaz de representar a realidade recorrendo quase só a símbolos abstractos ou ao significado dos termos e conceitos. Finalizando o exemplo, as crianças e jovens na etapa do pensamento simbólico poderiam consultar textos de referência sobre dinossauros, e discutir umas com as outras as suas descobertas.



Conclusões

*      Como consequência da sua teoria, Bruner rejeita um modelo de ensino expositivo, aquele em que o professor transmite informação e o aluno recebe. Para uma melhor aprendizagem, deveria estimular-se o diálogo activo ao modo socrático, e o professor devia apenas orientar os alunos quando necessário. Assim os alunos construiriam activamente o seu conhecimento e avançariam para novas descobertas baseados no conhecimento adquirido em detrimento de serem meros receptores acríticos de conhecimento.

*      O ser humano constrói significados na sua relação com o mundo mas ao mesmo tempo é produto das narrativas mediante as quais cada cultura é transmitida aos seus membros. As narrativas são as representações que cada comunidade cultural elabora sobre como organizar a vida social, sobre valores, e aquisições fundamentais. Podem também ser definidas como descrições de formas padronizadas de agir, pensar e sentir que correspondem a interpretações da realidade partilhadas por certos grupos sociais ou culturais e que são transmitidas, assimiladas e acomodadas ao longo do processo de socialização.

 
*      Para Bruner há uma íntima vinculação entre desenvolvimento cognitivo e cultura. Não é indiferente pertencer a um determinado grupo social porque esse facto influencia o modo como pensamos e agimos.

*       Outro factor importante e a linguagem pois sem ela o pensamento fica limitado e como a linguagem forma a base da nossa compreensão do mundo, o entendimento deste também se reduziria.

Abordagem pela descoberta é a mais importante.

BRUNER E A MENTE HUMANA

Bruner critica os cognitivistas de tendência computacional por perspectivarem a mente como um computador, funcionando da mesma maneira, dispondo ambos de entrada, processamento e saída de informação.
Segundo Bruner, não é correcto conceber a mente à imagem de um computador nem o seu funcionamento à imagem de um programa informático, porque o tipo de processamento de informação é diferente: a maneira de pensar da pessoa não pode ser vista de uma forma mecânica como a de um computador (input/output) porque a resposta comportamental do Ser Humano vai depender da sua interacção com o meio. A perspectiva computacional tem uma visão redutora, mecânica e formal da mente pois, segundo Bruner, a mente engloba a maneira de pensar, sentir, de agir e todo o mundo simbólico do pensamento, ideias e teorias que constituem o nosso contexto de vida. Outra crítica que Bruner faz a esta perspectiva, é que também tem de se ter em conta as vivências do homem que foi produzido pela linguagem, narrativas e símbolos de uma cultura ou de um determinado meio social, pois a pertença a um dado grupo social e cultural marca a forma como uma pessoa pensa e se comporta. Em suma, as pessoas pensam de forma diferente – fruto do contexto sociocultural. Os computadores não, pois processam a informação todos da mesma forma.
Ao defender que a mente humana não percorre os mesmos caminhos de um computador no que diz respeito ao processamento de informação, Bruner, diz-nos que o desenvolvimento da mente humana está ligado à construção de significados, criados pelos seres humanos na relação que estabelecem com o meio ambiente.
A mente, mais do que tratar a informação, cria/constrói significados na sua relação com o meio (é uma mente semântica), enquanto que o computador se limita a aplicar regras que alguém introduziu e que para ele são abstractas. Estes significados, criados pela mente não são arbitrários, porque a mente formou-se no decorrer de um período histórico, interagindo com a sociedade e com a cultura. Neste desenrolar de interacções, a mente foi interiorizando toda uma bagagem de símbolos linguísticos e significados que constituíam um património comum, partilhado pela comunidade. É com esta bagagem comum que a pessoa dará sentido às coisas e aos acontecimentos.
Neste processo a mente é criativa, produz sentido, é pessoal, subjectiva e insere-se num contexto social e numa determinada cultura.
É criativa, porque tem a capacidade de criar os mais variados e estranhos significados a todas as informações. Produz sentido, porque só podemos atribuir um significado à informação quando esse mesmo significado possui algum sentido para nós. É pessoal devido ao facto de ser algo interior e que só diz respeito à própria pessoa. É subjectiva no sentido em que conceitos iguais podem ser traduzidos em significados totalmente diferentes de pessoa para pessoa. Para além de ser pessoal e interior, também é partilhada com os outros, no sentido em que a pertença a um determinado grupo social irá condicionar a forma como os indivíduos pensam e se comportam.

O que é a psicologia